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POSIÇÃO AERODINÂMICA PARA GANHAR PERFORMANCE


 

Para deslocar uma bicicleta, é preciso vencer três tipos diferentes de resistências: a de rolamento (atrito da roda no solo), a mecânica (proveniente das catracas, coroas e correntes) e a do ar, que é responsável por consumir cerca de 80% da força gerada por um ciclista ao pedalar em velocidades superiores a 30 km/h. Isso torna a postura aerodinâmica fundamental para atletas que querem melhorar o desempenho e se tornarem mais competitivos.

Postura e equipamento

Pesquisas realizadas em túneis de vento mostram que apenas 30% da resistência do ar é causada pela bicicleta. As rodas podem melhorar o desempenho aerodinâmico em até 5%, o quadro aproximadamente 3%, o capacete aero 2% e as roupas especiais 1%. Já o posicionamento do ciclista é responsável pelos outros 70%. Então, a postura sobre a bike é fundamental para melhorar o rendimento.

“A UCI [União Ciclística Internacional] permite três posições tradicionais. Segurando os manetes de freios; a Drop Position, com as mãos na parte de baixo do guidão; e a Time Trial, que necessita de um aerobar ou clip regulamentado, e pode reduzir em até 20% a resistência do ar”, explicou Alexandre Oliveira, treinador da assessoria esportiva Sportplan Triathlon. “Uma boa postura aerodinâmica começa pela bike. Hoje, existem as bicicletas de contra-relógio, que deixam o ciclista mais lançado para frente e pedalando no eixo correto”, disse Duda Bley, treinador de triathlon da Limiar Assessoria Esportiva, que indicou como deve ser o posicionamento no clip do guidão.

“O cotovelo tem que formar um ângulo de 90° ou algo muito próximo disso, de forma a distribuir o peso e aliviar um pouco as costas. Quem pratica ciclismo pode utilizar uma postura mais agressiva, mas o pessoal do triathlon precisa se poupar um pouco mais, porque depois ainda tem a corrida”, lembrou Duda.

Flexibilidade

A flexibilidade dos músculos da parte posterior da coxa, do quadril e da região lombar é muito importante para alcançar uma posição aerodinâmica correta sem sofrer tanto desconforto. Por isso, o trabalho de alongamentos é fundamental.

“Quanto mais flexível for o atleta, mais arrojada será sua posição. No início, é legal fazer um teste e depois ir abaixando o guidão conforme a elasticidade aumenta. Não adianta logo de cara botar uma posição muito aerodinâmica e depois sofrer com isso. É preciso achar um ponto de equilíbrio”, orientou Duda Bley. 

“Comecei com uma posição mais confortável e aos poucos fui melhorando a questão aerodinâmica. Uma coisa que sempre faço é marcar a posição antes de ajustar o guidão. Se não me adaptar depois de algum tempo, volto para como estava antes”, declarou Juliano Mota, 34, administrador de empresa, que pratica triathlon há quatro anos.

Hoje, o mercado também busca algumas soluções para que o desconforto na hora de utilizar uma postura que diminui a resistência do ar. “Alguns triatletas têm utilizado uma posição Time Trial muito agressiva, como Torbjorn Sindballe, um dos melhores ciclistas do Ironman. O selim Blackwell Research, sem a parte dianteira, tem contribuído muito para isso”, indicou Alexandre Oliveira.

Meta

Um fator muito importante na hora de ajustar a posição aerodinâmica é o tipo de competição. Se for um contra-relógio, que geralmente não possui um percurso maior do que 80 km, o atleta pode utilizar uma postura mais agressiva. Já nas provas de triathlon, deve se procurar um equilíbrio maior, pois a disputa geralmente é decidida na corrida.

“O ciclista deve se acostumar durante os treinos com a postura que usará na prova. Em competições curtas, pode optar por um treinamento na posição mais agressiva, enquanto os atletas de provas longas devem atentar para o conforto” explicou Alexandre. “No triathlon, a posição do selim e do guidão deve valorizar o conforto. O guidão pode ficar um pouco mais alto, pois é preciso fazer uma aerodinâmica legal, mas que não prejudique a corrida”, completou Duda.

Outra coisa importante é evitar experiências aerodinâmicas antes da prova, e deixar as mudanças para os treinos. “Uma vez tive a ‘brilhante’ idéia de mudar a bike para uma posição aerodinâmica mais arrojada na hora da prova. Meu rendimento no ciclismo até melhorou, mas comecei a sentir muitas dores na região lombar durante a corrida e quebrei antes da chegada”, lembrou Juliano.

Um pouco de história

Os precursores da introdução da tecnologia aerodinâmica no pedal foram os triatletas, que aproveitaram as poucas regulamentações do esporte recém-criado no início dos anos de 1980 para inventar, testar e aperfeiçoar a maioria dos equipamentos adotados como padrão até hoje, como clipes no guidão, capacetes em formas de gota, pneus com perfis mais altos e rodas fechadas.

O marco da introdução aerodinâmica no ciclismo foi o Tour de France de 1989, quando Greg Le Mond venceu Laurent Fignon pela menor diferença da história da competição, 8s. Quando se alinhou para a largada do contra-relógio que definiu a prova, Le Mond causou surpresa ao trazer em sua bicicleta um clip no guidão, que o possibilitava uma postura mais deitada sobre a bike, e um capacete com formas ousadas, nunca visto até então. Os acessórios permitiram que o norte-americano “cortasse o ar”. Ele ultrapassou seu rival francês e terminou a prova com 58s de vantagem e velocidade média de 54,5 km/h, recorde na época. 

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