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"DORMÊNCIA"


É comum, durante o pedal, sentir dormência nas mãos, nos pés e até na região do períneo. Porém, fora o desconforto que a sensação provoca, nenhum problema maior pode acontecer.

“Toda vez que você tem dormência, ela tem relação com duas coisas, a parte neurológica ou a muscular”, explica Ricardo Cury, ortopedista e professor do Grupo de Cirurgia do Joelho e Trauma Esportivo da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Mas não se assuste, pois a parestesia, nome técnico da dormência, nada tem a ver com o cérebro, mas sim com os nervos. “Ela acontece quando um nervo é comprimido por posição inadequada, fazendo formigar a região que este nervo inerva”, esclarece Cury.

“Na maior parte das vezes, ciclistas são acometidos porque as mãos permanecem muito tempo firmes ao guidão e o corpo faz com que uma compressão elevada aconteça”, afirma pesquisa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Ciclismo da Universidade Federal de Santa Maria (GEPEC).

Já “em relação à parte inferior do corpo, a sobrecarga nos nervos ocorre nas costas, que é o local de onde saem os nervos que vão para as pernas”, explana Cury. Isso acontece por causa da postura adotada em cima da bike; e, para evitá-la, basta levantar algumas vezes durante o pedal, aliviando o peso na região e descomprimindo os nervos.

É levantando que se evita também o formigamento em outra região: o períneo. Um pouco mais preocupante que em outras partes do corpo, a dormência nesta região não é a causa de problemas sexuais, tanto para os homens quanto para as mulheres. O que acontece é que a pressão exercida pelo peso do corpo e o selim em um nervo localizado entre as pernas, assim como acontece com as mãos e as pernas, faz formigar o local.

Entretanto, exclusivamente para os homens, há a compressão também da bolsa escrotal. Mas Ricardo Cury tranqüiliza os preocupados: “a compressão da bolsa escrotal não é específica do ciclismo. Pode acontecer com cueca apertada”.

Síndromes compressiva

Mesmo sendo corriqueiro, o formigamento, quando é frequente, merece atenção, pois pode ser efeito da síndrome compressiva, isto é, “a compressão natural dos nervos, quando o próprio corpo comprime os nervos”, de acordo com Ricardo Cury. E ela pode acontecer tanto por motivos congênitos ou ser desenvolvida, como acontece com a hipertrofia muscular.

Segundo o Dr. José Kawazoe Lazzoli, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), a síndrome compressiva pode ser diagnosticada por meio de exame clínico e levantamento do histórico familiar do paciente, além da confirmação feita por imagens; e seu tratamento, com uma operação na qual se retira o tecido que comprime o nervo ou então com orientação quanto à técnica a ser utilizada nos movimentos realizados.

Como evitar
Se você não sofre de síndrome compressiva, pode facilitar sua convivência com a parestesia tomando alguns cuidados que podem diminuir sua ocorrência.

Como é recomendado pelo estudo do GEPEC, “quando iniciando um longo percurso, os ciclistas devem vestir luvas acolchoadas, mudar frequentemente as mãos de posição e estar seguros de que seu posicionamento não está fazendo com que seu peso corporal esteja demasiadamente posicionado à frente”.

Pedalar em pé e dar pequenas paradas durante o treino também é uma boa dica, além de sempre fazer alongamento, pois ele “age tirando as forças que comprimem o nervo”, explica o Dr. Cury.

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