"Causo" do dia: Veículo Longo : Comprimento : 26,7 metros
Mais um sábado de sol! Muita expectativa, mas apenas os bikers “fominhas” apareceram. Numa pedalada forte eu e o Ricardo Masterpower saímos rumo a Sabará. Porque do “Masterpower”? Quando fiz essa pergunta pra ele tive uma explicação meio psiquiátrica que tenho até vergonha de explicar. Ele me falou que “masterpower” era “força máxima”... O pior é que o cara falou isso e ficou olhando para o fundo dos meus olhos esperando uma reação... que eu achasse legal... Eu fiquei mesmo foi num estado meio catatônico, paralisado pela idiotice da explicação, mas como ele é um grande amigo meu apenas arregalei os olhos, fechei a boca, balancei a cabeça e como se entendesse fiz um Hhmmmmm... (foda esse negócio de amizade né?). Bom, mas vamos ao “causo”. Numa pedalada alucinante chegamos a Sabará. Meio cansados, imediatamente iniciamos nossa pedalada de retorno. Bom, pra quem não conhece, Sabará tem uma rua estreita que faz o contorno da cidade. Essa rua é na beira de um rio onde carros e caminhões se espremem para dividir o espaço. Bom... Eu e o Ricardo vínhamos numa “pegada legal” quando tivemos de diminuir drasticamente nossa velocidade por causa de um “infeliz” de um caminhão que estava a nossa frente. Eu, que puxava o pedal, vi que o caminhão tinha uma placa na sua traseira que estava escrito : “Veículo longo. Comprimento 27,6m. Ultrapasse com segurança”. Cansado de ficar por 15 segundos atrás do caminhão procurava uma “brecha” para fazer a ultrapassagem. O Ricardo que vinha na minha rabeira esperava apenas o meu sinal para fazermos a ultrapassagem. Bom aqui vale uma explicação. Quando pedalamos em fila o biker que puxa o grupo vai fazendo os sinais de perigo, ultrapassagem, atenção, freiar, etc... No nosso grupo esses sinais não funcionam muito bem porque cansei de ter que freiar na cara dos carros porque o "infeliz" do biker que puxava a pedalada fazia sinal de “siga” em um cruzamento e segundos depois se arrependia e começava a sacudir a mão... aí você que não sabia se ele está te mandando parar ou acelerar fazia o que dava na cabeça... O pior é quando agente pedalava em ruas e cruzamentos movimentados e ficava esperando pelos sinais do biker líder e ele ficava fazendo sinais obscenos com a mão fazendo gracinha... foda!... Bom, mas voltemos ao caso... Quando surgiu então a famosa “brecha” dei uma olhadinha pra trás para o Ricardo como se dissesse: “vamos lá camarada... é agora!” Começamos a fazer um esforço sobre humano para que nossas bikes ultrapassassem aquele enorme caminhão... (ôu... e bota enorme nisso...). Quanto mais eu pedalava mais sentia que o caminhão “encumpridava”... Isso mesmo... o infeliz não acabava... Minhas pernas começavam a “miar de dor”... Dei uma olhadinha para trás pro Ricardo e tive a nítida impressão de que ele estava chorando. Quando ele levantou o rosto e olhou em meus olhos fiz aquela cara de tudo ia dar certo, mas no meio do olhar tive de arregalar os olhos pois a roda de sua bike estava na beirinha do rio. Puuuuuttttzzz!!! Resumindo a bagaça... ou o cara caía dentro do rio ou morria na contra mão atravessando uma carreta... Naaaaaaasssaaaaaa!!! Quando voltei meus olhos pra frente vi o que não queria ver... Uma caminhonete vinha no sentido oposto. Nããããããããooo!!! E para ajudar um infeliz de um cachorro estava para atravessar a rua... Gente... sem sacanagem... Nesse instante ouvi um gritinho fino familiar :"Rúúúúúúlllll"! Um cara muito parecido com o Michael Jackson nos olhava sentado no banco da praça... Mas pensei assim: como esse cara poderia ser o Michael Jackson se ele já morr... Náááááááásssaaaaa!!!! Foi aí que vi que estava em um limiar perigosíssimo e que já estava vendo o “outro lado”... Despertado pela dor lacinante de minhas pernas aumentei a pedalada... pensei então: “Vai dar na continha pra eu passar... bom... pra eu passar... hmmmm ... puuuttzzzz e o Ricardo?”. Quando virei pra trás não vi mais o cara e quando assustei ele estava do meu lado... Ele pedalava pela sobrevivência... quem conseguisse entrar entre o caminhão, a caminhonete e não atropelar o cachorro sobreviveria... ôu.... sem sacanagem... Ví sangue no olho do Ricardo naquele segundo... Pensei então: Ah é seu Zé Mané... eu é que não vou morrer... Bom... não sei explicar como, mas o cachorro simulou uma atravessada e fez com que a caminhonete reduzisse... isso deu espaço para que as duas bikes passassem... Tomamos uma buzinada de uma Scania no ouvido que achamos que fossem as trombetas do céu, mas Graças a Deus não eram... 50 metros à frente paramos as bikes, olhamos um pro outro e apenas conseguimos soltar um UUhhhúúúúúúú... Nos abraçamos como que celebrando a façanha, mas na verdade estávamos mesmo é comemorando o fato de ainda estarmos vivos... Pois é galera! Essa foi mais uma façanha de nossas pedaladas... Hoje mal mal ultrapasso um fusquinha sem lembrar daquele dia...
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