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A BRINCADEIRA DE CRIANÇA SE TORNA UMA PAIXÃO

A maioria das pessoas deram as primeiras pedaladas quando ainda eram crianças e hoje, a bicicleta está entre os presentes mais desejados pela garotada. De rodinhas, com cestinha na frente, colorida, prateada, não importa o jeito, uma bike é tudo de bom. 


Esse hobby, esporte, transporte, paixão e até profissão, vira mais uma brincadeira de criança e proporciona diversos benefícios. As pernas ficam mais fortes, o que o ajuda a jogar futebol ou brincar de pega-pega. O vento faz os cabelos balançarem e dá a sensação de estar voando. Pedalar relaxa e faz esquecer problemas como a lição de casa difícil ou aquela com o irmão.

Além disso, a bicicleta não emite gás carbônico e colabora para a diminuição do aquecimento global. Não fica presa em congestionamentos e ainda é uma excelente maneira de praticar exercícios físicos e manter a forma. Pedalar é um exercício completo, ajuda a desenvolver o equilíbrio, melhora a coordenação motora e ajuda a criança a se socializar.

Apesar dos videogames e jogos eletrônicos cada vez mais presentes no cotidiano das crianças, as bicicletas ainda tem um lugar no coração dos pequenos. Então, na hora de presentear a garotada escolha um item que, além de proporcionar diversos benefícios, é mais que um brinquedo, é uma paixão.

A infância não deve ser um tempo da vida a ser idealizado. não é um período a ser caracterizado como feliz ou infeliz, mas um período de experiências fundantes, fundamentais, experiências originárias.

A experiência originária de um pedal longo (para uma criança de 7 anos), do seu desamparo. um pedal arquetípico, uma experiência que, naquele momento foi só uma vivência mas que possuiu um apelo de sentido, por isso a ser repetido, de diversas formas, algumas vezes até sem bicicleta. a percepção clara da condição humana: a solidão existencial, aterradora para alguns, mas profundamente libertadora!

É uma pena que as crianças de hoje não se percebam mais assim. Pelo menos não mais as de classe média. As de classe baixa são muitas vezes largadas à própria sorte, sem uma bicicletinha, sem uma casa para onde voltar.

O que esperar de um adulto que foi uma criança cujas experiências foram todas mediadas pelo dinheiro, ou seja, foram resultado de relações de compra e venda, de prestação de serviços? O que esperar senão que sejam adultos muito mais preocupados na realização dos desejos elaborados, em detrimento dos outros?

A bicicleta infantil pode ser a fonte de experiências fantásticas para uma criança. A bicicleta permite a criança não apenas desenvolver coordenação motora ou seu sistema músculo-esquelético. Ela ensina a dor do risco mal calculado, pois ao contrário do tiro tomado no vídeo-game, o ralado do tombo dói de verdade.


Por outro lado é também o instrumento da descoberta do mais longe, do além muros, da velocidade, da doce vertigem de uma descida longa, do coração saindo pela boca numa subida ou numa disputa pra ver quem chega primeiro na esquina…

É a descoberta de se estar no mundo, à sorte do próprio equilíbrio, da própria leitura do mundo, do ter que enxergar além de um palmo de distância do próprio nariz para poder voltar para a casa, como descrito na minha experiência, no começo desse texto.

A percepção do desamparo da existência humana, que a bicicleta permite logo cedo, nos permite perceber o desamparo alheio, desendurecer o coração, perceber o outro, e ao menos tentar entender suas dores.

Essa percepção precisa ser estendida às novas gerações. então, que hoje, dia das crianças, as crianças ganhem bicicletas novas ou usadas, bonitas ou feias, com rodinhas e sem rodinhas e que possam sim cair, ralar o joelho, pular degraus, equilibrar-se numa roda só, ir à escola pedalando, libertar-se de roupinhas bonitinhas e trocá-las pelas confortáveis. que possam as crianças sujar as mãos de graxa, mexer naquele instrumento, naquele veículo.

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